O Consumo Pós Pandemia com Rodilson Silva do Guia Corporativo

Bem-vindo ao Futuro, bem-vindo ao novo normal, bem-vindo a nova Logística

 

O status atual

A China é a Fábrica do Mundo e os demais países são os Shoppings.

Atualmente, existe “sim” uma dependência da China em vários mercados. Estima-se que 51 mil empresas em todo o mundo têm um ou mais fornecedores diretos em Wuhan China, que foi o epicentro do Coronavírus, enquanto 938 das empresas da lista das mil mais destacadas da revista Fortune têm um ou dois fornecedores nessa região.

A paralisação ocorrida na China, que fornece componentes para várias indústrias no mundo, gerou uma extrema interrupção em 1 ou mais elos de muitas cadeias produtivas.

Causando um curto-circuito nas cadeias de suprimentos.

Consequências:

  • Fechamento de cidades e restrição dos movimentos de pessoas;
  • Restrição ou interrupção de voos, o que levou a uma desaceleração no que diz respeito ao movimento de mercadorias;
  • Restrição da capacidade de frete aéreo limitada às aeronaves e cargas disponíveis;
  • O transporte marítimo também foi atingido, pois as embarcações são colocadas em quarentena por semanas antes de serem permitidas nos portos, retardando os processos;
  • Os contêineres estão presos nos portos e em trânsito nas fronteiras do estado.
  • Matérias-primas ou produtos manufaturados não conseguem chegar aos portos devido aos bloqueios.

Tudo isso fez com que a demanda por matérias-primas tenha diminuído para os produtos mais comercializados, já que a maioria dos países agora exige a priorização de itens essenciais, como medicamentos, produtos farmacêuticos, suprimentos médicos e equipamentos médicos.

O Equilíbrio entre receita e custos operacionais foi totalmente afetado.

O Índice de Preços ao Produtor (IPP) que mede a evolução dos preços de produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e fretes, da indústria extrativa e de 23 setores da indústria de transformação, registrou alta de 1,32% em março de acordo com o IBGE.

E isso afetou diretamente não somente o transporte de primeira milha, como também o de última milha, o que desestabilizou todo o movimento de suprimentos diretamente proporcional ao aumento do custo das mercadorias.

É fato que existe uma desaceleração no movimento de mercadorias entre os países, causando uma lacuna considerável entre a oferta e a demanda.

Impacto nas empresas menores

Os 3 C’s que são essenciais para o funcionamento de uma companhia, foram severamente afetados – Caixa, Capital de giro, crédito – se tornaram um pesadelo a ser administrado.  E quando se leva em consideração que muitas empresas têm caixa para alguns meses, se não semanas, nota-se que o impacto no fluxo de caixa das empresas está sendo gigantesco o que gera graves problemas no setor.

Junte isso a dificuldade de replanejamento, da incerteza e das relações entre as áreas. As empresas precisarão mais do que nunca aprimorar a comunicação interna e a colaboração entre áreas para que os problemas possam ser corrigidos de uma melhor forma” – garantindo assim um melhor consenso e um melhor replanejamento dos recursos.

E se a priorização no momento está sendo dada para mercadorias essenciais, os setores como automobilístico, vestuário, moda, eletroeletrônicos e outros setores que atendem a categorias não essenciais de bens são severamente impactados com uma demanda menor ou inexistente durante a crise.

As pessoas estão comprando hoje apenas o que elas realmente precisam, não mais o que não precisam, ou seja, existe uma racionalidade nas necessidades, algo mais comum nos países que já sofreram com guerras, porém, desconhecido para os brasileiros.

A indústria começa a colapsar devido as pessoas comprarem apenas o que vão precisar.

Essa é uma tendência temporária provavelmente, mas que afeta a demanda logística atual.

A Demanda pós pandemia

A história mostra que mudanças ocorridas em período de crise nem sempre são temporárias – as crises podem remodelar fundamentalmente nossas crenças e comportamentos. E devido a isso fica claro que as empresas precisam se preparar para um mundo pós-crise, em vez de se agachar e esperar por um retorno ao passado.

AC / DC – Antes do coronavírus e Depois do Coronavírus

  1. Considere o impacto da Segunda Guerra Mundial na participação das mulheres na força de trabalho. Com uma grande parte da população de mulheres em idade ativa foi empregada no esforço de guerra, e foram incentivadas a preencher empregos existentes. Após a guerra, os efeitos dessas mudanças persistiram, impulsionando a participação feminina na força de trabalho.
  1. Os ataques terroristas do 11 de Setembro reformularam de maneira semelhante as políticas de transporte e segurança em todo o mundo. Houve uma mudança coletiva nas atitudes da sociedade sobre a troca entre privacidade e segurança pessoal. Como resultado, os cidadãos aceitaram níveis mais altos de triagem e vigilância no interesse da segurança coletiva.
  1. Um exemplo mais diretamente associado ao que estamos passando hoje foi em relação ao surto de SARS de 2003 na China que mudou as atitudes em relação às compras: como muitas pessoas tinham medo de sair, elas se voltaram para o varejo on-line. Embora a crise tenha durado pouco tempo, muitos consumidores continuaram a usar os canais de comércio eletrônico posteriormente, abrindo caminho para a ascensão do Alibaba e de outros gigantes digitais.

E trazendo isso para o cenário atual – já vemos que a pandemia está mudando a forma como trabalhamos, incluindo maior ênfase no trabalho remoto, colaboração digital, higiene no local de trabalho e proteções para trabalhadores temporários, por exemplo.

Já existem mudanças significativas nos padrões de compra em relação a atividades de cartão de crédito onde a compra de produtos farmacêuticos aumentou mais de 50% e as compras online na Amazon, Mercado Livre, iFood, setor de farmácia e supermercados etc. também aumentaram.

Claro que não se deve esperar que todas essas mudanças sejam permanentes. Por exemplo, houve uma redução acentuada nas viagens aéreas após os ataques do 11 de setembro, mas voltou à sua linha de tendência anterior em 15 meses.

Nota-se que posteriormente alguns padrões de consumo serão revertidos as mesmas linhas de tendência anteriores no longo prazo, embora em velocidades diferentes.

Porém, vale a pena considerar e distinguir entre os consumos que serão temporários e padrões de consumo novos que se tornarão mais permanentes.

Alguns segmentos ou setores afetados

 

Alimentação

As empresas de alimentos e bebidas estão enfrentando um consumo significativamente reduzido, bem como cadeias de suprimentos interrompidas. O consumo em casa com compras on-line aumentou, mas o consumo fora de casa – que historicamente gera a maior margem – chegou quase a um impasse. Pode haver mudanças de longo prazo no comportamento e na demanda do cliente.

Quando a situação começar a normalizar, o consumo fora de casa voltará a aumentar, mas com certeza não será suficiente para cobrir as vendas perdidas nas últimas semanas / meses. E com uma expectativa de recessão econômica, as receitas de alimentos e bebidas estão provavelmente sob pressão. Com isso, elas precisam revisar suas estratégias de suprimentos, racionalizar suas gamas de produtos e avaliar a resiliência e agilidade de suas cadeias de suprimentos, bem como de seus canais de rota para o mercado. Considerando o impacto da alteração dos preços das commodities e outros custos de atendimento, bem como formas de aumentar a demanda, as empresas serão forçadas a revisar suas estratégias de preços e promoção.

Muitos restaurantes partiram para o on-line, mesmo que as pressas, partindo da premissa da necessidade em face da crise por responder, recuperar e prosperar por:

  • Otimização de acordos de trabalho flexíveis, incluindo a mitigação de riscos cibernéticos como resultado do trabalho remoto;
  • Desenvolvimento de planos de contingência para interrupção operacional nas rotas de mercado e cadeias de suprimentos;
  • Envolver-se com os principais clientes e fornecedores para apoiar a continuidade dos negócios;
  • Mitigação de riscos e gerenciamento de capital a fim de garantir caixa em períodos de rupturas.

São lições aprendidas que se manterão mesmo após o covid-19 por associar o on-line juntamente com o off-line.

Agronegócio

Existem inúmeros planos de contingência adotados, e entre os ramos de destaque está o de laticínios e pecuária que estão em alerta devido ausência de importação e exportação do mercado.

Um dos setores mais afetados ligados diretamente ao agronegócio é o setor de commodities, que registram perdas nos ramos do milho e da soja, e a maior preocupação no momento é o futuro da produção tanto nas plantações quanto nos pastos, pois essa questão vai muito além da diminuição da economia, e afetará diretamente o mercado externo, motivo pelo qual a bolsa está despencando, acarretando oscilações e volatilidades aos mercados cambiais, trazendo instabilidades, onde em alguns países esses impactos não são desprezíveis.

O que afeta diretamente o setor agropecuário pois envolve diretamente a compra de insumos para a atividade, como fertilizantes e agrotóxicos que são importados e negociados em dólar cuja cotação já bateu a casa dos R$ 5,00 há bastante tempo. Ou seja, esses itens têm estado muito mais caros, fazendo com que aumente consideravelmente o custo de produção deixando claro que o coronavírus deve impactar o planejamento da safra 2020/21.

Considerando que a pandemia se dá em um momento em que o produtor deveria preparar o próximo ciclo, é provável que haja impactos. Dificilmente, teremos no período 2020/21 um novo recorde de produção, como é esperado para a safra atual e 2019/2020 onde teremos o recorde estimado de 251,7 milhões de toneladas de grãos.

Construção Civil

A Construção Civil vive de Lançamentos e uma vez que os lançamentos aconteceram muito pouco nos 2 trimestres do ano, uma vez que os estandes de vendas estão fechados, que o número de cancelamentos de vendas (distratos) tenderá a subir devido a fatores como – dificuldades financeiras das famílias, ao aumento de desemprego e à queda na renda – fica claro que existe um cenário negativo em face das paralizações do setor.

Porém, o cenário não é tão negativo, levando em conta que a maior parte das construtoras ou intermediadoras tem caixa para sobreviver e retomar o crescimento no médio e longo prazo.

A compra de um imóvel depende bastante do nível de confiança do consumidor no longo prazo, visto que o ciclo de negócios do setor de construção civil é bastante longo: de 5 a 6 anos entre a compra do terreno para lançamento e a entrega do imóvel pronto.

Considerando esse cenário de provável retomada a partir de 2021, o risco ainda é considerado médio, porém, caso as cadeias de suprimentos sofram mais com o prolongamento do lockdown, é recomendado cautela – devido ao maior nível de risco do setor.

Como se preparar para a retomada da Economia

Como o exemplo da Segunda Guerra Mundial, naquele momento houve a necessidade de inovação forçada através:

  • Desenvolvimento e comercialização acelerados do motor a jato;
  • Cabines de aeronaves pressurizadas;
  • Helicópteros;
  • Tecnologia atômica;
  • Computadores;
  • Sintéticos de borracha;
  • Foguetes;
  • Radar;
  • Penicilina etc.

Todos com efeitos duradouros.

As novas necessidades nascidas em nossa crise atual provavelmente conduzirão a inovações duradouras em outras áreas da logística através de tecnologias, ferramentas de colaboração digital ou configurações de escritórios domésticos acessíveis.

Como se preparar

As empresas podem tomar algumas medidas práticas para sentir, explorar e moldar a nova realidade pós-COVID-19?

  1. Espere mudanças e olhe para o futuro – As organizações tendem a se tornar míopes quando ameaçadas. Mas as crises costumam marcar pontos de inflexão estratégicos, e um foco necessário no presente não deve excluir a consideração do futuro. As principais perguntas se tornam, o que vem a seguir e com quais consequências e oportunidades.
  1. Compreender mudanças sociais mais amplas – As oportunidades geralmente nascem de necessidades e frustrações de novos clientes, portanto, é essencial ouvir os clientes. As empresas precisam olhar mais amplamente como as atitudes sociais estão mudando para entender quais mudanças observadas no comportamento e no consumo podem durar. Por exemplo, os trabalhadores que estão em turno remoto que após alguns meses de experiência se torne mais permanente, pode ter consequências significativas para os equipamentos de escritório, imóveis, remodelação, transporte e outros setores e segmentos.
  1. Identifique suas próprias fraquezas – A crise, sem dúvida, expõe as necessidades de maior preparação, resiliência, agilidade ou inclinação em diferentes partes da sua empresa. Essas fraquezas também sinalizam oportunidades para renovar seus produtos e modelo de negócios e atender melhor os clientes. E também pode ajudar a entender as necessidades mais amplas dos clientes, pois é provável que outras empresas estejam enfrentando tensões semelhantes.
  1. Estude as regiões mais adiante na crise – China e Coréia estão muitas semanas à frente dos países ocidentais em suas experiências de crise e recuperação. Ao estudar o que aconteceu nesses mercados, os líderes podem prever melhor quais mudanças provavelmente ocorrerão ou poderão ser moldadas. Uma estratégia geográfica de seguidor rápido pode estar disponível para players que são ágeis.
  1. Mantenha uma orientação para o crescimento – É quase inevitável que enfrentemos algum tipo de recessão pós-crise. Esta não é uma razão para adiar a inovação e o investimento. Muitas empresas cresceram seus resultados principais durante as crises, ou seja, o melhor momento para crescer diferencialmente é quando o crescimento agregado é baixo.

As empresas que “florescem” em uma desaceleração reduzem os custos para manter a viabilidade, mas também inovam em torno de novas oportunidades e reinvestem em pilares de crescimento, a fim de capturar oportunidades em adversidades e moldar o futuro pós-crise.

  1. Personalização – Em face das expectativas dos consumidores que exigem uma experiência personalizada, uma vez que faz parte de estratégias bem sucedidas de gigantes do varejo, como a Amazon, que elevaram o nível de atendimento aos consumidores, as empresas precisam pensar em como alavancar a tecnologia para acompanhar um consumidor cada vez mais exigente.

O que envolve a necessidade de adoção de processos em nuvem, adoção de Inteligência Artificial (IA) para encontrar o equilíbrio entre o que os clientes desejam e as opções das marcas, adoção da logística digitalizada por ser mais eficiente o que força a necessidade de visibilidade a fim de identificar maneiras de satisfazer e transformar essa experiência.

3 V’s da Cadeia de Suprimentos – + Visibilidade + Velocidade – Variabilidade

Apenas com base em dados conseguimos medir outputs, custos, eficiência em produção e eficácia em vendas. E informação nunca foi tão imprescindível como é hoje.

Conclusão

Muitas empresas já aproveitaram as condições para atualizar seus modelos de negócio através de pontos de retirada por app, comprovação de entrega por voz, Leitores de códigos de Barras que já emite raios UV-B que elimina vírus e assim por diante.

A pandemia está acelerando a transformação da logística no Brasil –  muitas empresas de entregas expressas estão trabalhando em modelo de uma mini Black Friday, com as entregas aumentando, com a preocupação com a saúde dos colaboradores, com mais tecnologia, com crowdshipping etc.

Em pesquisa feita pela Abcomm – Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, aponta que as vendas online de categorias de bens de consumo cresceram mais de 100%, se comparadas com as vendas do ano passado, ou seja, as empresas precisam adaptar o seu supply chain para atender picos de demanda sem precedentes.

Essas são ações que vieram para ficar, e são ações que farão parte do Futuro da Logística.

Bem-vindo ao Futuro, bem-vindo ao novo normal, bem-vindo a nova Logística

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Empreendedor Digital, Autor, Colunista, investidor, podcaster (GuiaKast) e fundador do Site Guia Corporativo.

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