O FUTURO da logística
Por Paulo Roberto Bertaglia
Autor do Livro – Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento
Eu tenho afirmado frequentemente em minhas palestras que a logística não é a palavra mais “sexy” do momento, principalmente após a marcante greve dos caminhoneiros que colocou o nosso país em situação de alarme. Contudo mesmo não sendo sexy, a logística seduz pelo seu aspecto extremamente importante e cá entre nós sem ela não faríamos chegar produtos aos supermercados, remédios aos hospitais, produtos agrícolas aos portos para exportação e o alimento às nossas mesas, sejam eles perecíveis, congelados ou empacotados.
“Sem a logística os nossos Correios não entregariam as encomendas de todos os dias”
A Fedex, Amazon, B2W, Magazine Luiza, Fastshop para citar algumas empresas que atuam e dependem fortemente da logística não fariam chegar milhões de encomendas aos seus destinos. As operações logísticas atuais são fortemente baseadas em custos. E muitas vezes não se leva em consideração uma visão mais ampla correspondente a confiabilidade, impacto ambiental, riscos e principalmente vantagem competitiva. Para se ter uma ideia, usando dados aproximados do ILOS, os gastos logísticos no Brasil, provenientes da composição dos transportes, estoques, armazenagem e serviços administrativos representam cerca de 13% do produto interno bruto. Nos Estados Unidos este percentual está ao redor de 8%. Somente a área específica de transportes consome quase 60% dos gastos logísticos. Com o crescimento do comércio eletrônico a tendência é que os custos logísticos se elevem.
Talvez o futuro da logística dentro do contexto da cadeia de abastecimento (Supply Chain) seja o de operar de uma maneira mais harmoniosa levando em conta rotas mais confiáveis que trarão um benefício maior no contexto ambiental. E por que não dizer no custo global. Muitas vezes avaliamos estes custos em suas características de micro níveis e voltados especificamente para produto, frete e entrega e não de uma maneira mais holística e integrada. Um fator a ser avaliado cuidadosamente é o % de retornos de mercadorias devolvidas pelos clientes e consumidores, decorrentes principalmente das compras via internet.
O FUTURO da Logística
O futuro da logística será pavimentado (que bom) pela inovação e pela tecnologia e por uma forma diferente de se enxergar o todo. O tamanho da indústria logística no mundo significa que organizações estão em busca de novas e inovadoras técnicas para a melhoria da eficiência. De acordo com a “IndustryWeek”, revista americana, o tamanho da logística global é de US$ 4 trilhões representando cerca de 10% do produto interno bruto global. O mercado de serviços de transportes é um dos que mais cresce no mundo estando a uma taxa de crescimento contínuo da ordem de 7% ao ano desde 2011.
O advento do Comércio eletrônico trouxe um tremendo desafio para logística e para aqueles que trabalham no contexto pois representa uma complexidade adicional, que é a administração de uma cadeia de abastecimento altamente sensível, pois deve estar em sintonia com as expectativas do cliente final. Portanto o comércio eletrônico não é apenas uma comercialização através de sites onde repetidas vezes se envia informações aos clientes para obter suas atenções e aumentar conversões. É bem mais do que isso.
Essencialmente precisa ter o respaldo logístico extremamente eficiente para atender aos requisitos de níveis de serviços prometidos ao consumidor. Só assim ele regressará para comprar novamente.
Como vencer a batalha
Irá vencer esta batalha, aqueles que possuírem uma logística mais robusta e que possa cumprir uma promessa de serviço confiável, rápida e economicamente viável. No caso do Brasil, a sua dimensão geográfica significa um desafio enorme para as organizações, principalmente para realizar as entregas de última milha, que tem uma característica muito especial uma vez que praticamente representa o contato final com cliente: no recebimento, na conferência, na descarga do produto, na sua qualidade e no prazo estabelecido.
Para tanto, as empresas necessitam ter profissionais logísticos altamente capacitados, e que estejam na vanguarda, em constante atualização, e à medida que processos, tecnologias e inovações vão se incorporando, estes profissionais precisam ter a habilidade e a capacidade de se adaptar a uma nova realidade.
A existência dos grandes “players” globais coloca a logística em uma vitrine cuja participação é fundamental e estratégica nas companhias, obrigando a mudanças que demandam flexibilidade, rapidez. e inovação para enfrentar um futuro que está diante de nós. E aqui não falo apenas do comércio eletrônico, mas de todas as empresas que possuem alta dependência logística para mover produtos e materiais, seja no início da cadeia (inbound) ou no final da cadeia de abastecimento (Outbound).
E a tecnologia?
A tecnologia é o grande instrumento que viabiliza gradualmente a mudança, onde a automação, robotização, Internet das Coisas, Big Data, Blockchain, Sistemas inteligentes, para mencionar alguns, darão a forma para a logística e supply chain do futuro. A Logística 4.0. Embora eu não seja muito partidário dessa denominação!
Que a força esteja contigo!
Autor
Paulo Roberto Bertaglia
Fundador e CEO da Berthas, atuou nas empresas: IBM, Unilever, Hewlett-Packard e Oracle. Ao longo da carreira tem se especializado nas áreas de Supply Chain Management, Gestão estratégica de Negócios, Liderança, Vendas e Terceirização de Serviços. Professor de pós-graduação em Logística, Gestão Estratégica de Negócios e Tecnologia da Informação.
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- Autor de vários livros entre eles Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento – Editora Saraiva, 3ª edição – 2016;
- Realiza palestras de temas estratégicos, cadeia de abastecimento, empreendedorismo e liderança para empresas e instituições educacionais.
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