A NOVA ERA DO PODCAST 2.0

O podcast precisa de uma atualização?

Os podcasts existem desde pelo menos 2004. Mas, diferentemente das notícias e blogs baseados em texto, que passaram por ondas de centralização e interrupção graças ao Facebook e ao Google, o setor de podcast permaneceu durante muito tempo teimosamente descentralizado.

Sempre existiu dezenas de players populares de podcast e nenhum centralizador na indústria e apesar de muitas tentativas, nunca houve uma “Netflix de podcasts”.

Ao mesmo tempo, como destacado pelas mídias, a falta de inovação genuína em torno de seu conteúdo, distribuição, descoberta e monetização, colocou a mídia durante muito tem em uma infância duradoura que finalmente começou a mudar.

O Podcast não é Rádio

Não é rádio; é digital. O podcast herdou muitos formatos e presunções do rádio analógico linear para seu próprio bem. Programar em pods de 30 e 60 minutos, brincadeiras tagarelas, pausas comerciais e até leituras de host foi e ainda é muito bom, porém, agora a sensibilidade mais digital está sendo também levada em consideração. Os players de podcast permitem que os usuários montem diversos formatos e comprimentos e forneçam um conteúdo mais direcionado, exclusivo e principalmente voltado a todos os tipos de ouvintes.

O surgimento dos líderes

Alguns líderes surgiram nos últimos anos. O sucesso do jornal “The New York Times” não é por acaso. A empresa sempre tem o seu último episódio disponível em seu aplicativo e na primeira página do site. A rede “Globo começou a colocar episódios de áudio no fluxo de seu conteúdo regular, além de já fazer parte da programação atual na TV. O “The Economist”, pioneira na versão de conteúdo de texto para áudio, juntou-se a outros editores que te dão a opção de ouvir em vez de ler. O que tem feito com que o áudio seja tratado como uma marca, fazendo com que os usuários e os anunciantes encarem da mesma maneira.

Apenas três anos atrás, não havia podcasts diários de notícias que não eram emprestados do rádio.

O “USA Today” lançou o primeiro podcast de notícias diárias nos EUA em outubro de 2016. Mas o gênero realmente decolou quando o New York Times lançou o The Daily, o podcast diário mais popular, em 1º de fevereiro de 2017. Desde então, muitas empresas de mídia começaram seus próprios podcasts diários.

Porque agora?

Por que existe um boom agora, dado que os podcasts existem há 15 anos? Pode-se fazer a mesma pergunta sobre o crescimento do streaming de vídeo no ano de 2010 – e como o diretor da Amazon Studios disse em 2017: “O streaming é o culminar de uma mudança que vem ocorrendo há décadas”.

Da mesma forma, o boom do podcast tem raízes profundas – como escreveu James Cridland, “o podcasting é levado a sério há muito, muito tempo por qualquer pessoa que se preocupe com o áudio bem produzido”. Há várias tendências amplas convergindo para que esse seja encarado como o ano do Podcast.

Spotify e Google estão levando a sério

A Apple é tão essencial ao ecossistema de podcasts que até 2/3 de todos os ouvintes de podcast acontecem globalmente em iPhones e outros dispositivos da Apple – apesar do Android ter uma participação maior no mercado, principalmente fora dos EUA.

O Spotify e o Google aumentaram seus investimentos em podcast em 2018, reduzindo o domínio da Apple e levando mais ouvintes ao podcast pela primeira vez.

O Google lançou um aplicativo nativo do Google Podcasts para Android, após várias tentativas de integrar podcasts a outros serviços, como o Google Play. Embora o novo aplicativo do Google seja responsável por apenas 1% dos downloads, de acordo com a Libsyn, ele tem a vantagem de trabalhar em qualquer dispositivo Android sem exigir a instalação de um aplicativo, o que significa que centenas de milhões de usuários do Android agora têm um “link universal” para ouvir podcasts.

O Spotify permite escutar podcasts em seus dispositivos móveis há mais de dois anos, mas eles aumentaram significativamente a importância dos podcasts em 2018 e abriram a plataforma para todos os podcasters. Sua ênfase crescente nos podcasts é mostrada nas estatísticas de download: a porcentagem de downloads do Spotify dobrou no ano passado, de 4,4% em dezembro de 2017 para 8,5% em dezembro de 2018.

Muitos desses ouvintes são novos nos podcasts. Em outras palavras, o Spotify não “roubou” ouvintes que já estavam ouvindo podcasts no Apple Podcasts, eles criaram novos ouvintes, expondo-os a podcasts pela primeira vez.

Celulares em qualquer lugar

A penetração de smartphones a nível mundial começou a atingir altos picos apenas há alguns anos atrás. Como os smartphones são, de longe, os dispositivos mais populares para ouvir podcasts, a adoção quase completa dos smartphones era um pré-requisito para o boom do podcast. A mídia de streaming compõe a maioria do uso de dados móveis – e esse compartilhamento ainda está aumentando.

Carros conectados

1/4 de todos os ouvintes de podcast o fazem indo para o trabalho. À medida que mais carros adotam o Apple CarPlay e o Android Auto, as pessoas optam por ouvir podcasts ou serviços de streaming como Spotify ou Apple Music, em vez de rádio AM / FM.

Mais opções de áudio em qualquer lugar

Não são apenas os podcasts que estão crescendo: os smartphones trouxeram muito mais opções de áudio para os consumidores, desde serviços de streaming de música (Apple Music, Spotify) até aplicativos de meditação (Calm, Headspace) e audiolivros (Audible, Libby). O Calm tem mais de 40 milhões de downloads.

Alto-falantes inteligentes

Alexa, Google Assistant e HomePod foram adotados pelos consumidores mais rapidamente do que quase qualquer outra plataforma da história. Esses alto-falantes ainda representam uma pequena porcentagem na audição geral de podcast – e apenas 17% dos proprietários de alto-falantes inteligentes os usam para ouvir podcasts – mas à medida que mais consumidores adquirem um alto-falante em sua casa e adquirem o hábito de usá-lo, espera-se ver esses números aumentarem.

O Crescimento do Microcast

O microcast é um podcast cujos episódios individuais duram menos de 10 minutos – uma tendência crescente no mundo dos podcasts atualmente.

O Microcast, tem possibilitado a criação de shows mais curtos, apontando para uma tendência cada vez mais autêntica, o que permite brincar com duração e frequência de novas maneiras criativas.

Essa é uma tendência que veio para ficar, uma vez que a cada dia que passa aparecem novos ouvintes, que apreciam um conteúdo de podcast mais voltado para a quantidade e um microcast te dá a opção de escutar vários programas diferentes durante todo o seu dia.

O surgimento dos SUPER ouvintes

Em todos os mercados, há usuários mais avançados – um menor número de consumidores que respondem por um grau mais alto de demanda. No espaço de podcast, eles são rotulados como “Super ouvintes”, aqueles que passam pelo menos 5 (cinco) horas por semana ouvindo podcasts.

Esses “Super ouvintes”, os ouvintes mais pesados de podcast, estão sendo identificados como sendo alvos valiosos para anunciantes e aliados confiáveis para patrocinadores de podcast, de acordo com um estudo inovador.

E as empresas de publicidade estão a estabelecer mais acordos comerciais, patrocínios e inserção de publicidade em podcasts, tendo como alvo principal esses super engajados consumidores, o que contribui para a constante e necessária inovação apresentada nesse ano.

A revolução da busca baseada em ÁUDIO

A mudança na indústria se dá principalmente devido a 3 (três) fatores principais:

  1. A concorrência está finalmente sendo capaz de quebrar o muro da apple;
  2. A monetização de podcast está avançando;
  3. A descoberta de podcast está subindo para o próximo nível.

A Google está entrando no jogo de podcast e eles entraram para valer. Eles estão transcrevendo podcasts automaticamente e os tornam pesquisáveis por meio de seu mecanismo de pesquisa. Suas transcrições abrangem todo o programa, tornando possível indexá-lo palavra por palavra.

A (IA) inteligência artificial, que é a inteligência demonstrada pelas máquinas, está transformando a indústria. O (PLN) que é um subconjunto da IA, que se concentra no desenvolvimento do sistema permite que os computadores se comuniquem com as pessoas usando a linguagem cotidiana.

Agora, como isso se traduz na indústria de podcast?

Aí vem a última palavra da moda: (RAF) – Reconhecimento Automático de fala. O reconhecimento de fala e o PLN (processamento de linguagem natural) geralmente são usados juntos nos mecanismos de reconhecimento automático de fala. Primeiro, o reconhecimento de fala determina exatamente o que foi dito e segundo, o PLN examina a intenção do que foi dito.

Para podcasters, ou mais especificamente para o conteúdo de áudio produzido, isso significa que todas as palavras agora podem ser transcritas e, portanto, indexadas

E agora?

O Podcast mais do que nunca está sendo levado muito mais a sério e sendo encarado como um meio digital inovador que o está evoluindo para o estágio de Podcast 2.0, com novos conteúdos, formatos, plataformas e modelos de negócios.

Não somente os podcasters, como também editores e empresas de criação e mídias estão a pensar no Podcast além do rádio e além do conteúdo isolado por tipo de mídia.

Mobilidade + digital + personalização + áudio estão a transformar o Podcast em algo muito além do que conhecemos. Há um novo domínio da mídia – da transmissão de som – sendo novamente re-inventada transformando esse ano não somente no ano do Podcast, como também na era de ouro do Podcast 2.0.

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Por Rodilson Silva

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